O novo filme de Ryan Coogler, Sinners, chegou aos cinemas em abril e rapidamente se consolidou como um dos maiores sucessos do ano. Estrelado por Michael B. Jordan em um papel duplo, o longa não apenas surpreendeu nas bilheteiras como também conquistou a crítica de forma inédita. Combinando horror, drama histórico e comentário social, Sinners já é considerado um dos filmes mais impactantes de 2025.
Estreia explosiva nas bilheteiras
Lançado em 18 de abril, Sinners superou todas as expectativas. As projeções iniciais estimavam uma arrecadação entre US$ 30 e 40 milhões no fim de semana de estreia. No entanto, o filme ultrapassou a marca de US$ 48 milhões, surpreendendo analistas e dominando as salas de cinema.
Com esse desempenho, Sinners desbancou Minecraft do topo das bilheteiras norte-americanas, feito que poucos imaginavam possível. Além disso, registrou a melhor estreia de um filme original (ou seja, sem ligação com franquias ou propriedades já conhecidas) desde Us, de Jordan Peele, em 2019.
Outro marco impressionante: Sinners se tornou o filme com classificação indicativa para maiores (R-rated) mais lucrativo da história durante o feriado de Páscoa — período tradicionalmente forte devido às férias escolares e encontros familiares.
Após sua primeira semana completa em cartaz, o filme já havia arrecadado US$ 87 milhões mundialmente, aproximando-se do orçamento de produção de US$ 90 milhões. Especialistas indicam que o longa precisará atingir entre US$ 170 e 230 milhões para se tornar realmente lucrativo, considerando os altos custos de marketing. Ainda assim, poucos filmes atingem lucro apenas com exibição nos cinemas atualmente.
Reconhecimento crítico histórico
A recepção crítica de Sinners tem sido tão impressionante quanto seu desempenho comercial. Pela primeira vez na história, um filme de terror recebeu a nota “A” da Cinemascore, plataforma especializada na avaliação da audiência nos Estados Unidos.
No Rotten Tomatoes, os números também são excepcionais: 98% de aprovação da crítica especializada e 97% do público geral. Esses índices colocam o filme entre os mais bem avaliados de 2025.
Mesmo em meio à filmografia consagrada de Ryan Coogler, que inclui títulos como Creed e Fruitvale Station, Sinners se destaca como sua obra mais ambiciosa e aclamada. Para muitos críticos e espectadores, trata-se não apenas de um grande filme de terror, mas de uma produção que pode definir uma era no cinema.
Narrativa poderosa e simbolismo social
Ambientado durante a Grande Depressão em 1932, o filme acompanha os irmãos gêmeos Smoke e Stack — ambos interpretados por Michael B. Jordan — que retornam à sua cidade natal no Delta do Mississippi tentando recomeçar a vida.
Eles sonham em abrir um bar com música ao vivo, um espaço seguro para que a comunidade negra possa se reconectar com suas raízes por meio da música, longe dos traumas simbolizados pelos campos de algodão que cercam a região. Mais do que um negócio, querem criar um refúgio cultural.
Porém, o passado dos irmãos não é o único obstáculo. Ao tentar construir esse espaço de liberdade, eles se deparam com uma ameaça muito mais sombria — um mal sobrenatural que transforma o retorno ao lar em uma batalha sangrenta pela sobrevivência.
Ryan Coogler utiliza o terror e o mito dos vampiros como alegoria para abordar questões raciais e históricas dos Estados Unidos, especialmente no Sul profundo. Essa profundidade narrativa eleva Sinners acima do entretenimento comum e o transforma em uma obra com peso cultural.
Elenco afiado e comprometido
Michael B. Jordan lidera o elenco com uma atuação elogiada em dose dupla, mas o talento ao seu redor também brilha. Hailee Steinfeld, Wunmi Mosaku, Jack O’Connell e o veterano Delroy Lindo entregam performances marcantes.
Jayme Lawson e Omar Miller também se destacam, mas uma revelação especial é o jovem Miles Caton. Para interpretar seu personagem, Caton aprendeu a tocar guitarra blues de forma autêntica, treinando cinco horas por dia durante dois meses. Uma dedicação rara que salta aos olhos na tela.
Um sopro de originalidade em meio às franquias
Em um cenário dominado por superproduções baseadas em heróis e universos cinematográficos consolidados, Sinners prova que ainda há espaço para histórias originais e ousadas no cinema. O sucesso do filme desafia a ideia de que apenas grandes franquias garantem retorno financeiro, e mostra que o público continua aberto a narrativas inovadoras e socialmente relevantes.
Ryan Coogler reafirma seu talento como um dos cineastas mais criativos da atualidade, entregando com Sinners uma obra que já entrou para a história — tanto pelo impacto comercial quanto pelo valor artístico.